quinta-feira, 31 de março de 2011

"REMEMORANÇAS"



Deny Ardaia da Silva


"REMEMORANÇAS"

Para falar a verdade não lembro muito do texto intitulado “Antecedentes de uma Jornada” que escrevi no início do curso. Lembro que citei o nome de algumas professoras que tiveram papel fundamental na minha escolha em ser artista e acredito que falei sobre alguns momentos da minha vida que me ligam diretamente ao meu desejo de ter uma formação associada a Arte. Me lembro, mas não sei se escrevi no texto, de episódios de quando fazia a alfabetização e os colegas de sala empilhavam seus cadernos para eu fazer os desenhos que se relacionavam com as palavras estudadas no dia (abelha, bola, casa, dado, elefante, foca, gato, horta, igreja, jaula, laranja, moeda, navio, óculos, pipa, queijo, rato, sofá, tatu, uva, vaca, xadrex, zebra), de cada uma dessas palavras que precisava fazer o desenho, repetia cerca de 23 vezes. Lembro-me também que era apaixonado por um feixo de lápis de cor que pertencia a minha irmã mais velha e que depois dela formada, vieram parar em minhas mãos e eu os devorei num tempo récorde.
Minha habilidade de artista sempre permeou minha vida discente e docente, mas nunca lecionei a disciplina Arte. Lecionei Geografia no Ensino Fundamental, Estrutura e Funcionamento do Ensino de 1º e 2º Graus e Psicomotricidade, estas duas últimas no antigo curso de Magistério. Como Supervisor Escolar, além das atribuições inerente a função, sempre herdei todos os trabalhos artísticos que a escola precisasse. Antes de ir pra educação, sempre me mantive com os trabalhos artísticos e por todos os empregos que tive a Arte era o meu cartão de apresentação.
Trabalhei como voluntário, durante oito anos, na Associação de Idosos de Guajará-Mirim, organizando coral, grupo de danças e ensinando diversos tipos de artesanatos.
Atualmente eu praticamente vivo da Arte e costumo dizer que o meu “bico” é o meu emprego na Educação, mas encaro tanto o primeiro quanto o segundo como fonte de aprendizagem contínua e fonte de desenvolvimento de aprendizagem e de criatividade a ponto de favorecer uma rotina saudável de movimentação habitual que funciona mais ou menos assim: IDEIA – PROJEÇÃO - CRIAÇÃO OU RECRIAÇÃO – OBTENÇÃO DE NOVA IDEIA...
A minha história formativa sempre foi facilitada pelo fato de eu trabalhar com Arte. No meu caso, e ainda é assim, não é minha formação que facilita eu trabalhar com Arte, é ao contrário, é a Arte que sempre facilitou minhas formações e meus trabalhos nas instituições por onde passei. Sempre acreditei que precisava fazer um curso voltado para Arte por entender que iria melhorar minhas habilidades. Hoje percebo que não, a falta dessa formação não me impediu em nada em termos de produção artística, mas a Arte não é somente produção, existe a parte epistemológica que leva a compreensão da necessidade do ser humano em fazer arte. Esse estudo deverá ser contínuo e interminável, portanto não será necessário apenas um curso superior.
Apesar dos momentos difíceis das minhas escolaridades, nunca deixei de valorizar meus aprendizados escolares e meus professores pelo fato de sempre ter consciência das dificuldades, em todos os sentidos, que ele possuíam para dar suas aulas, falta de formação, falta de recursos financeiros e materiais, e é preciso reconhecer os esforços desses professores. A realidade atual é totalmente diferente e não tem como dizer o que buscaria fazer de diferente com meus alunos, os tempos são outros, mas sei que é necessário compreender o processo educacional contemporâneo e abrir-se as novidades e as tecnologias.

MEMORANÇAS

1. A minha relação mais remota com a Arte é lembrar de minha irmã mais velha colorindo seus cadernos de escola com lápis de cor, acho que tinha meus quatro anos de idade, lá por volta de hum mil novecentos e qualquer coisa. Esses lápis tinham sido comprado com muito sacrificio por minha mãe. Dinheiro era raríssimo naquela época e sempre que minha irmã usava os lápis, eu ficava fascinado com aquela cena.

2. Minhas primeiras obras não podiam ser guardadas. Em folhas de abacateiro, molhava o dedo com saliva, passava na folha e jogava areia em cima, retirava o excesso de areia e o desenho ficava gravado. Apesar de fazer isso enquanto criança, essa é a técnica base dos meus trabalhos até hoje.

3. Fui pra escola muito tarde, com 9 anos. Herdei os lápis de minha irmã e volto a lembrar deles já todos cotocos, que mal conseguia segurá-los.

4. Minha primeira professora, Neusanira Fabiano Cavalcante, usava o Método da Abelhinha para alfabetizar. Com muita habilidade ela desenhava no quadro negro as figuras que acompanhavam cada palavra ensinada. Nesse momento da minha vida eu já conseguia reproduzir com muita facilidade os desenhos no caderno. Terminava os meus desenhos e rapidamente fazia o dos colegas que tinham dificuldades. Essa história persistiu por toda minha vida de estudante. Cartazes, desenhos e caligrafias eram as minhas partes nos trabalhos.

5. No decorrer de minha vida escolar, tive muitas professores que me icentivaram a seguir a carreira de Artista Plastico, entre eles estão: Irmã Tereza Calvariana, Ana Dorotéa de Souza, Raimunda Silva Serra, Onaíde Ferreira da Silva, Tânia Mara Bouchabki de Almeida Nasser, Lilian da Silva Ferreira, Pe. Gabriel Arcanjo.

6. Na sétima série, incentivado pela Professora Onaíde Ferreira da Silva, fiz minha primeira Escultura em sabão. Esculpi um coelho. Tinha muito cuidado com essa escultura e escrevi um pequeno cartaz que dizia: OLHE MAIS NÃO PEGUE. Ratos não sabem ler. Comeram o meu trabalho!

7. Na epoca que cursava o Magistério, reforçava minha renda confeccionando cartazes, materiais didáticos e capas de trabalhos. Neste momento comecei a escrever em convites, envelopes de festas, diplomas e certificados.

8. No dia que saiu o resultado do vestibular eu ganhei minha demissao do local onde trabalhava e nesta época eu decidi que não ia me preocupar mais com emprego e assumi minha condição de artesão.

9. Passei a trabalhar com painéis, letreiros, faixas, ornamentações de festas infantis durante o dia, a noite cursava Pedagogia. Como não tinha concluído o Curso Magistério, no anos seguinte resolvi voltar e concluí-lo. Pela manhã, trabalhava nas encomendas de festas infantis, pela tarde fazia o terceiro Magistério e a noite eu cursava Pedagogia.

10. Na faculdade cheguei a criar capas de trabalhos de uma turma inteira, ficou tão interessante que o professor pediu os trabalhos para ele.

11. Apliquei curso de iniciação ao Desenho a crianças em risco social.

12. Apliquei curso de Cartazista e letrista pelo Ministério do Trabalho e Ação Social.

13. Apliquei curso de confecção de cartões de papel vegetal.

14. Apliquei, por 6 anos, curso de artesanato com sementes na Associação de Idosos de Guajará-Mirim.

15. Apliquei, por 6 anos, curso de pintura com areia colorida na Associacao de Idosos de Guajará-Mirim.

16. A primeira exposiçao oficial que fiz decorreu da necessidade de angariar verbas para a Associação de Idosos de Guajará-Mirim, por ocassiao dos 500 Anos do Descobrimento do Brasil. Fiz uma coleçao de dez quadros ligado ao tema. Foi um sucesso em vedas.

17. A primeira exposição que participei fora do município foi a FEARON 2000 que aconteceu no Ginásio de Esportes Cláudio Coutinho em Porto Velho.

18. A segunda já aconteceu em Belo Horizonte na Feira Nacional de Arte – Mãos de Minas. E seguiram outras:

19. Curitiba – Feira internacionai – FEIART e Lar e Decoracao do Paraná, Lar e Decoracao de Curitiba, LD off.

20. Salao de Arte Contemporaneo de Rondônia – SART. Onde recebi o Premio Incentivo em 2000. Em 2001 fui classificado entre os 20 melhores e voltei a participar em 2004 com três obras que não recebi nenhuma informação sobre elas, duas resgatei e uma sumiu por lá.

21. Participei como Diretor de Alegoria da Agremiacao Folclórica Boi Bumba-Malhadinho em 2000 e 2001. Me afastei por ocasiao de um acidente que aconteceu na quadra onde a alegoria que eu tinha construido – uma águia de 8 m sucumbiu quase matando o Paje e a Cunhã-Poranga do Boi. Neste momento fiz uma promessa se não ocorresse nada de grave aos brincantes eu iria permanecer longe da quadra por 10 anos. Estou cumprindo essa promessa e pretendo voltar ao Movimento Cultural Boi-Bumbá em 2013. Por enquanto participo na arquibancada como torcedor comum.

22. Enviei uma obra para participar do Circuito Internacional de Arte Brasileira de 2006 do Colege Arte, representando o município de Guajará-Mirim, apoiado pelo Ministério de Relações Exteriores, em Viena no Palais Schlich, em Bratislava no Honorary Consulate of Brazil, no Ambiente Gallery Na Prikope 859/22 em Praga, na Casa do Brasil em Madrid, na Casa Chica da Silva em Diamantina(MG), no Museu de Arte de Maringá em Maringá(PR), no Museu de Artes de São Paulo Assis Chateaubriand em São Paulo(SP).

23. Na escola Rocha Leal, onde trabalhei por 5 anos como Coordenador Pedagogico, criei o Grupo Folclórico Boi-Bumbá Brasileirinho no anos de 2003, com o intuito de usar a cultura popular como meio de interdisciplinaridade.

25. Tenho obras por varios espaços públicos em Guajará-Mirim, como "O Milagre"- Centro catequetico Padre Pedro Bonnhome – medindo 3m 2,50cm, "Artemis"-Tribunal do Juri de Guajara-Mirim – medindo 3m x 2m. "Natureza Amazônica" – Escola Simon Bolivar – 7m x 2m. "Garça Azul" - Associaca de Idosos de Guajajra-Mirim – medindo 3m x 2,75cm. "Guapore I e II"– SEST/SENAT- ambas medindo 1,50cm x 1m. na cidade de Porto Velho (RO) e em muitas residências de particulares.

26. Hoje faço Faculdade de Artes Visuais pela UNB, tenho um Ateliê de Arte Plásticas no Município de Guajará-Mirim(RO) e incentivo todos a descobrirem seus dotes artísticos e se aparecer outros erros de digitação eu juro que não corrijo mais...