terça-feira, 5 de junho de 2012

Movimento Artístico Pop Art e o Boi-Bumba de Guajará-Mirim.



Instituto de Artes
Departamento de Artes Visuais

DenyArdaia da Silva  

ROTEIRO DO PROJETO

Título e autoria

Movimento Artistico Pop Art e o Boi-Bumba de Guajará-Mirim.

1. Apresentação sucinta do tema e das disciplinas escolhidas para tratá-lo;

Na disciplina de Arte, estudaremos o movimento artístico Pop Art, suas características e buscaremos uma possibilidade de adaptar essas características a pintura com tinta acrílica em papel, abordando o tema boi-bumbá da cidade de Guajará-Mirim, o qual será oferecido numa oficina de quatro horas.
O boi-bumbá na cidade de Guajará-Mirim é uma tradição folclórica muito presente e as cores fortes utilizadas na criação das apresentações muito se assemelham a Pop Art - movimento artístico surgido na década de 50, no Reino Unido e nos Estados Unidos. A ideia deste projeto é apresentar esse movimento artístico aos alunos de forma interdisciplinar, associado aos conceitos de folclore, identidade e diversidade cultural, e retratar através de pinturas os personagens que aparecem na história do boi-bumbá.

Na disciplina História estudaremos conteúdos sobre folclorea partir do conceito apresentado pela releitura da I Carta do Folclore Brasileiro de 1951, e reelaborada em1995, no VII Congresso Brasileiro de Folclore, que caracteriza da seguinte maneira o fato folclórico:

“Folclore é o conjunto das criações culturais de uma comunidade, baseado nas suas tradições expressas individualmente ou coletivamente, representativo de sua identidade social. Constituem-se fatores de identificação da manifestação folclórica: aceitação coletiva, tradicionalidade, dinamicidade, funcionalidade. Ressaltamos que entendemos folclore e cultura popular como equivalentes, em sintonia com o que preconiza a Unesco. A expressão cultura popular manter-se-á no singular, embora entendendo-se que existem tantas culturas quantos sejam os grupos que as produzem em contextos naturais e econômicos específicos.” (CARTA DO FOLCLORE BRASILEIRO, 1995 [s.n.]),

Em relação aos conceitos de identidade e diversidade cultura recorremos a Santos. B de Souza, que entende identidade e diversidade como algo flexível e influenciável pelo fator temporalidade:

“Sabemos hoje que as identidades culturais não são rígidas nem, muito menos, imutáveis. São resultados sempre transitórios e fugazes de processos de identificação. Mesmo as identidades aparentemente mais sólidas, como a de mulher, homem, país africano, país latino-americano ou país europeu, escondem negociações de sentido, jogos de polissemia, choques de temporalidades em constante processo de transformação, responsáveis em última instância pela sucessão de configurações hermenêuticas que de época para época dão corpo e vida a tais identidades. Identidades são, pois, identificações em curso.”(Santos B. de S.1994)


2. Motivação:

Minha principal motivação se deve ao fato de que o envolvimento da população do meu município com o movimento folclórico boi bumbá é muito grande, a ponto de dividir a cidade em duas nações – a Nação Vermelha e Branca e a Nação Azul e Branca.  Por entender também,que este movimento precisa estar inserido no cotidiano escolar porque ele possibilita estudos sobre o homem que aqui vive, seus costumes e realidades. Dessa forma, esse estudo, possibilita aos alunos aumentar avalorizaçãoda cultura local, compreendam e valorizem suas raízes culturais e se percebam como membros da sociedade em que vive, sem preconceito da cultura a que pertence.


3. Objetivo Geral:
Estudar de maneira interdisciplinar o movimento artístico Pop Art associando os conceitos de folclore; diversidade cultural e identidade, assim como referenciar esses conceitos através da pintura.
 
Objetivos Específicos:
(História):
- Conhecer os conceitos de folclore, identidade e diversidade cultural;
- Refletir sobre a influência dos conceitos de folclore, identidade e diversidade cultural em nossas vidas;
(Arte)
- Identificar o conceito do movimento artístico Pop Art, conhecer alguns artistas desse movimento e suas obras;
- Pintar os personagens do boi bumbá de Guajará-Mirim sob as características do Pop Art;
- Expor as obras construídas.

4. Público alvo:

            Alunos do 3º ano do Ensino Médio.
A cultura de um lugar é determinada pelos tipos humanos existentes, por seus costumes e por suas origens. Cada tipo humano é responsável por uma gama de informações com características próprias e adversas que irá formar a base cultural da população local, cada qual com seus valores e importâncias dentro da comunidade, mas sempre de maneira igualitária. Reconhecer estas proposições fará com que os alunos entendam que não há cultura superior ou inferior, que a diversidade é a verdadeira riqueza cultural da humanidade e que podemos valorizar este fato a partir do momento em que passamos a compreendê-lo.

5. Metodologia:

1º ETAPA:
Utilizarei o Datashow para apresentar o movimento artístico Pop Art, seu conceito e algumas imagens que caracterizam este movimento (EM ANEXO – Texto 1). (2 horas)

2ª ETAPA:
Apresentarei os conceitos de folclore, identidade e diversidade cultural e faremos leitura do texto 1 – ESTUDOS SOBRE FOLCLORE NO BRASIL: breve panorama - (em anexo 1) e debate sobre a influência desses conceitos entre si e de que maneira eles estão presentes em nossas vidas. (2 horas)

3ª ETAPA:
Passarei o vídeo documentário “Duelo na Fronteira/2008 – Bois: Flor do Campo e Malhadinho” que fala sobre o movimento folclórico do município de Guajará-Mirim. Após, formarei grupos de quatro alunos e solicitarei que relacionem, descrevam os personagens que aparecem na história do boi bumbá, Para isso os alunos poderão utilizar todas as fontes de pesquisas que tiver disponíveis na escola. (2 horas)
Personagens
Descrição
Pai Francisco

Catirina

Cunhã Poranga

Rainha do Folclore

Sinhazinha da Fazenda

Amo do Boi

Índios

Pajé

Outros personagens


5ª ETAPA:
Será desenvolvida uma oficina de pintura com tinta acrílica e está trabalhará focada nas características da Pop Art. (6 horas)
6ª ETAPA:
Organização da exposição dos trabalhos no mural da escola. (1 hora)
Carga Horária: 11 horas.

5. Instrumentos, materiais e técnicas a serem utilizados;

Data show
Laboratório de Informática
Biblioteca
Vídeo e TV
Tinta acrílica branca, pigmentos e pincéis
Papel sulfite
Fita adesiva

7. Referências:
Video“Duelo na Fronteira/2008 – Bois: Flor do Campo e Malhadinho. 2008. Empresa Nosso Video.
BOAS, Franz. Cuestionesfundamentales de antropologia cultural. Buenos Aires, Solar/Hachete, 1964.
CÂMARA CASCUDO, L.da.Dicionário do folclore brasileiro. 4.ed. São Paulo:
Melhoramentos; Brasília: INL, 1979.
COMISSÃO NACIONAL DE FOLCLORE. Carta do folclore brasileiro. Salvador: CNF,1995. Disponível em: . Acesso em: 06 de maio de 2012. 09:46.
MALINOWSKY, B. Uma teoria científica da cultura. Rio de Janeiro: Zahar, 1962.
MENDONÇA, Mirian da Costa Moreira Manso de. Módulo 6 : Antropologia Cultural: Introdução ao estudo do homem e suas produções culturais. Brasília: Cidade Gráfica e Editora Ltda., 2008.
MARCONI, M. A.; PRESOTTO, Z. M. N. Antropologia – uma introdução. São Paulo: Atlas S.A., 1986.
SANTOS, j.p.; O que é cultura. 9 ed. São Paulo.,1983.
SANTOS, Boaventura de Souza. Modernidade, identidade e a cultura de fronteira. Tempo Social; Rev. Sociol. USP, S. Paulo, 5(1-2): 31-52,1993 (editado em nov. 1994).



ANEXOS:

TEXTO 1


POP ARTE

INTRODUÇÃO:

A Pop Art, abreviatura de Popular Art, foi um movimento artístico que se desenvolveu na década de 1950, na Inglaterra e nos Estados Unidos. Foi na verdade uma reação artística ao movimento do expressionismo abstrato das décadas de 1940 e 1950.
Crítica à cultura de massa:
Os artistas deste movimento buscaram inspiração na cultura de massas para criar suas obras de arte, aproximando-se e, ao mesmo tempo, criticando de forma irônica a vida cotidiana materialista e consumista. Latas de refrigerante, embalagens de alimentos, histórias em quadrinhos, bandeiras, panfletos de propagandas e outros objetos serviram de base para a criação artística deste período. Os artistas trabalhavam com cores vivas e modificavam o formato destes objetos. A técnica de repetir várias vezes um mesmo objeto, com cores diferentes e a colagem foram muito utilizadas.

Materiais usados: 
Os materiais mais usados pelos artistas da pop art eram derivados das novas tecnologias que surgiram em meados do século XX. Gomaespuma, poliéster e acrílico foram muito usados pelos artistas plásticos deste movimento.Principais artistas da Pop Art:

- Andy Warhol: maior representante da Pop Art. Além de pintor foi também cineasta.

- Peter Blake: foi o criador da capa do disco Sgt. Pepper's Lonely Hearts Club Band, dos Beatles.

- Wayne Thiebaud: pintor norte-americano que se destacou na criação de obras com teor humorístico e nostálgico.

- Roy Lichtenstein: pintor norte-americano que trabalhou muito com HQs (histórias em quadrinhos), criticando a cultura demassas.

- JasperJohns: pintor norte-americano cuja obra principal foi Flag (Bandeira) de 1954.

Influências: 
A pop art exerceu uma grande influência no mundo artístico e Cultural das épocas posteriores. Influenciou também o grafismo e os desenhos relacionados à  moda.

FONTES:
http://www.pportodosmuseus.pt/?p=40085 (em07/05/2012 às 15:16)



TEXTO 2

ESTUDOS SOBRE FOLCLORE NO BRASIL: breve panorama
A palavra “folclore” foi criada,em 22 de agosto 1846, pelo pesquisador de culturaeuropéia e antiquário inglês William John Thoms (1803-1885), para denominar um campo deestudos até então identificado comoantiguidades populares” ou “literatura popular”. Essaproposta foi publicada no jornal londrino The Atheneum” e tinha como objetivo designar osregistros dos cantos, das narrativas, dos costumes e usos dos tempos antigos. Thomsescolheu duas palavras de origem saxônica: “Folk”, que significa povo, e “Lore”, que significasaber; formando assim o “folk-lore”, ou a “sabedoria do povo”. Com o tempo, a palavra foisendo utilizada sem o hífen, tornando-se simplesmente “folklore” ou “folclore”, como foiusada no Brasil. Inclusive o dia do folclore – 22 de agosto – lembra o advento do conceitocriado por Thoms.
Nesse sentido amplo de “saber do povo”, a idéia de folclore designa muitosimplesmente as formas de conhecimento nas criações culturais dos diversos grupos deuma sociedade. Em princípio, pensa-se o folclore a partir do conjunto de tradições culturaistransmitidas, em geral, de forma oral e sem influência acadêmica, tais como as danças,músicas, manifestações religiosas, festas tradicionais, brincadeiras infantis, superstições,lendas, mitos, entre outras. Tem-se aí o contraponto entre a chamada cultura erudita e acultura popular. Mas essa delimitação nunca é muito clara, pois onde começa e termina ofolclore? Considera-se, por exemplo, a Festa do Divino uma manifestação do folclore oucultura popular, mas o que pensar do desfile de escolas de samba?
Uma coisa que é clara é que o conceito de folclore e do que pode ser consideradofolclore foi sendo modificado ao longo da história, de acordo com as discussões teóricas evieses de várias linhas de pensamento. Para se ter uma ideia, no Brasil – no início do séculoXX – os estudos de folclore incidiam basicamente sobre a literatura oral, sobretudo apoesia popular, guiadas por correntes filosóficas e científicas vigentes na Europa.O musicólogo e folclorista brasileiro Renato Almeida (1895 – 1981) propôs umaaproximação com a Etnologia ou a Antropologia Cultural, onde o foco de estudo não fossesomente a literatura, mas outros aspectos da vida social e material, como o artesanato, asindumentárias, os instrumentos musicais e suas formas de execução, as danças, a culinária,etc.Mário de Andrade (1893 – 1945) também concordou com esta proposta, e buscoudiálogo com as ciências sociais e humanas. Ele estruturou um curso de formação defolcloristas para orientar trabalhos de campo e criou a Sociedade de Etnografia e Folclore,que organizou um guia classificatório de folclore e propôs diretrizes para equipar museusde folclore.
Em 1938, quando estava à frente do Departamento de Cultura de São Paulo, Máriode Andrade enviou um grupo de pesquisadores ao Norte e Nordeste para que registrassem,durante seis meses, os cantos e danças populares dessas regiões. A idéia era documentarcom filmes, fotos e discos as manifestações encontradas por Mário de Andrade dez anosantes. Cada seção de gravação (aproveitada, também, para fotografias e filmagem) eraantecedida por pesquisas orais, complementadas por registros mecânicos.Mais tarde, em 1946, Renato Almeida - que nesse momento era presidente doInstituto Brasileiro de Educação, Ciência e Cultura (IBEC), do Ministério do Exterior evinculada à Unesco – criou a Comissão Nacional de Folclore (CNF).
Luís da Câmara Cascudo (1898 – 1986) também se destacou como grande estudiosoe divulgador do folclore brasileiro, produzindo uma obra fundamental para os estudosetnográficos e antropológicos no Brasil. O seu Dicionário do Folclore Brasileiro (de 1954) éreferência mundial para qualquer estudo sobre o assunto.
Em 1951, a Carta do Folclore foi aprovada no I Congresso Brasileiro de Folclore. Eladizia entre outras coisas que "constitui o fato folclórico a maneira de pensar, sentir e agirde um povo,preservada pela tradição popular e pela imitação, e que não seja diretamenteinfluenciada pelos círculos eruditos e instituições que se dedicam, ou à renovação econservação do patrimônio científico humano, ou à fixação de uma orientação religiosa efilosófica". Nesse documento registrou-se a definição do fato folclórico, elaborado com oconsenso dos folcloristas brasileiros.
Em decorrência das grandes transformações sociais e do avanço das ciências, nasúltimas décadas, estudiosos da cultura popular propuseram uma releitura da Carta de 1951.Em dezembro de 1995, então, realizou-se o VIII Congresso Brasileiro do Folclore, emSalvador (BA). Neste congresso foram atualizados os conceitos e considerou-se que: "ofolclore é o conjunto de criações culturais de uma comunidade, baseado nas suas tradiçõesexpressas individual ou coletivamente, representativo de sua identidade social. Constituem-sefatores de identificação da manifestação folclórica: aceitação coletiva, tradicionalidade,dinamicidade, funcionalidade".

FONTES:

- Conceito de Folclore (Roberto Benjamim, presidente da Comissão Pernambucana de
Folclore)
http://www.unicamp.br/folclore/Material/extra_conceito.pdf
- Folclore/ cultura popular: aspectos de sua história (Cáscia Frade)
http://www.unicamp.br/folclore/Material/extra_aspectos.pdf
- Missão de Pesquisas Folclóricas – Mário de Andrade
http://www.centrocultural.sp.gov.br/mario2/index.htm
Página que apresenta o percurso e o resultado da missão de pesquisa folclórica que Mário de Andrade
e sua equipe desenvolveram em 1938, nas regiões do Norte e Nordeste do país
- Câmara Cascudo (Marcos Faerman)
http://www.histedbr.fae.unicamp.br/navegando/glossario/verb_b_camara_cascudo.htm
- Dia do Folclore (Site Educaterra)
http://educaterra.terra.com.br/almanaque/datas/folclore.htm
- Carta do Folclore Brasileiro de 1995 (íntegra)