terça-feira, 21 de setembro de 2010


Práticas Cotidianas Atuais de Povos Indígenas

Antigamente, a Educação Indígena era passada de pai para filho e de mãe para filha indistintamente, a preservação das características artisticas/culturais de uma tribo e os saberes eram passados por orientações verbais. Os detalhes dos artefatos eram copiados antes que a peça anterior se deteriorasse devido ao uso e o interesse em aprender a fazer os utensílios era natural ao índio de tal modo que conseguiram preservar seus conhecimentos utilizando-se de estratégias pedagógicas simples. Era da mãe a tarefa de passar os conhecimentos artísticos às filhas e isso acontecia enquanto ela vivesse, davam as orientações iniciais e dessa maneira os traçados culturais da obra iam se fixando na memoria da índia artesã. O saber artístico da mulher era referência para a formação da família, pela lógica do índio, ter conhecimento das tradições significava que aquela menina/mulher seria uma boa esposa e, consequentemente, uma boa mãe que saberia passar aos seus descendentes os conhecimentos que
havia adquirido com seus ancestrais, perpetuando assim, não somente a raça, como o fator de identificação etnico racial da tribo.

Até bem pouco tempo atrás as características educacionais das sociedades indígenas eram apenas de caráter familiar, os filhos aprendiam suas atividades observando o trabalho da mãe e do pai. Em alguns povos o homem era responsável pela caça e pesca. A mulher era responsável pela plantação, preparo de alimentos e zelo pelas crianças a seu redor. Quando a criança se afastava, a natureza (Tupã) era responsável por ela. Neste caso o “deixar se afastar” também era característica da educação indígena, ao contrário da educação dos não índios que tendem a manter os filhos sempre próximos com a intenção de rotege-los.

Atualmente no Brasil ainda existem tribos isoladas e algumas que nunca tiveram contato com brancos (fronteira do Estado do Acre com o Peru http://terramagazine.terra.com.br/interna/0,,OI2903379-EI6581,00.html). Imagino que a educação desses povos continua como antes da chegada de Cabral por aqui. Mas na maioria das aldeias de índios brasileiros já existe uma escola de linha tradicional branca, com salas de aulas, quadro de giz, giz, professor não índio. No município de Guajará-Mirim(Rondônia), existem vinte e duas etnias, distribuídas em nove Postos Indígenas (entre 300 e 600 índios) e vinte e cinco Aldeias (do menor número até 300 índios). Entre esses povos estão os falantes da língua pacaás-novos de raiz Tchapacura que são Oro-não, Oro-ew, oro-at, oro-mon, oro-waran, Oro-waran-xijein, Oro-jowi, Cao-orowaje, ajwru. Os povos que possuem língua própria são Canoé, Macurap, Jabuti, Arwa, Cassupa, Tupari, Aricapu, Surui, Cujubim e outros que não tem aldeias próprias.


CAMPELLO, Sheila Maria Conde Rocha. GUIMARÃES, Leda Maria de Barros – História da Arte Educação 1 – Módulo 14, Duo Print. Rio de Janeiro, 2009. 56p.

Professora índia EVA CANOÉ - Secretaria de Estado da Educação – Representação de Ensino de Guajará-Mirim – Coordenação de Educação Indígena.


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